segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Livros - O homem duplicado


Saramago é um mestre das palavras. Já li outros livros do autor, mas esse foi um dos que mais gostei (se não O que mais gostei). É verdade que em alguns momentos a narrativa fica um pouco cansativa, a história fica um pouco "arrastada", mas isso não tira a magnitude e a genialidade da obra. Em O homem duplicado o autor abusa de suas frases longas e de seus parágrafos intermináveis, que mais parecem capítulos. Mas, repito, apesar de cansar um pouco, não prejudica de forma alguma a leitura.

O personagem principal, Tertuliano Máximo Afonso, é um professor de história, que vive problemas em sua vida, tanto no lado profissional como no pessoal. Ele sofre de depressão, passou por um divórcio, vive solitário, apesar de ter um relacionamento. Um dia, ao assistir a um filme indicado por um colega de trabalho, ele vê um homem idêntico a ele mesmo. A partir daí, ele inicia uma verdadeira busca pelo seu "duplicado", pelo homem que tanto se assemelha a ele. Ele descobre o nome do ator e onde ele mora, e decide conhecê-lo.

(Spoiler) Foi no momento em que os dois homens se conheceram que o livro me surpreendeu pela primeira vez. Eu imaginei que seria apenas um caso de irmãos gêmeos, que foram separados ainda crianças e nunca chegaram a se conhecer. Mas não foi isso que foi revelado. Aliás, a explicação para o fato de ambos os homens serem idênticos não ocorreu em momento algum do livro, cabendo ao leitor tirar as suas próprias conclusões.

(Spoiler) A outra grande surpresa do livro veio com o seu desfecho. A troca de identidades entre os homens em momento algum havia passado pela minha cabeça. Achei que Tertuliano Máximo Afonso tinha aceitado de forma muito passiva a decisão do ator de sair com a noiva dele. Quando, na verdade, o que Tertuliano queria a oportunidade de fazer o mesmo com a mulher dele. E o desfecho final, com a morte de Maria da Paz e do ator, foi fantástico. Máximo Afonso ganhou, mas não levou.

Ele ganhou a vida, o direito de voltar a ser único no mundo, mas perdeu, em compensação, a sua identidade. Foi o primeiro livro de Saramago que li que o final realmente me surpreendeu.


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