segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cinema - Tropa de Elite 2

Tropa de Elite 2
Ano: 2010
Gênero: Ação
Direção: José Padilha
Roteiro: Bráulio Mantovani
Elenco: Wagner Moura, André Ramiro, Maria Ribeiro, Milhem Cortaz, Pedro Van Held, Seu Jorge, Irandhir Santos, Tainá Müller, Sandro Rocha, André Mattos, Fabrício Boliveira, Emílio Orciollo Neto, Dudu Nobre.



Durante muito tempo especulou-se sobre o filme Tropa de elite 2. A mídia caiu em cima, questionando se o filme conseguiria ser tão bom quanto o seu predecessor, muita jogada de marketing foi feita em torno da trama, guardada a sete chaves. A espera foi terrível para os fãs, que não viam a hora de ver o Capitão (agora Coronel) Nascimento de volta às telonas. Eu, particularmente, contei os minutos, para não dizer os segundos. Devo dizer que a espera valeu a pena, pois o filme é fantástico , sensacional...

E respondendo àqueles que perguntaram se o filme seria tão bom quanto o primeiro, aqui vai a minha resposta: ele não é apenas tão bom quanto, é muito melhor. A história é muito mais empolgante, muito mais complexa, muito mais envolvente...

O filme já começa com um tapa na cara de muita gente, ao abrir com a seguinte frase: "Apesar de possíveis coincidências com a realidade, este filme é uma obra de ficção." O longa tem início com a cena que foi bastante divulgada do carro do Coronel Nascimento sendo alvejado por vários bandidos, mas os fatos que levaram a esse acontecimento são tão incríveis que são até difíceis de descrever...

Eu não quero adentrar muito na trama, para não estragar as surpresas... Mas apenas em linhas gerais, após uma operação no presídio de Bangu 1, Nascimento é transferido do BOPE e passa a ocupar um cargo dentro da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, onde ele conhece uma nova faceta da sua profissão, e se depara com politicagem (e não política), milícias e muita armação para a ocupação das favelas do Rio de Janeiro.

Nascimento acha que está fazendo algo bom, contribuindo para limpar os morros da cidade e demora para se dar conta de que não passa de um peão no joguete de políticos bandidos e sem escrúpulos. Quando se dá conta do que realmente está ocorrendo, Nascimento tenta consertar as coisas, mas danos demais já foram causados...

O filme é daqueles que faz o espectador ficar tenso do início ao fim, que faz com que ele torça para os mocinhos e queira ver os bandidos se dando mal, que faz com que nem se sinta o tempo passar dentro da sala de projeção... É uma obra-prima (com hífen ou sem hífen? Na dúvida, vou deixar o tracinho inofensivo...). Não me causou nenhum espanto quando a sala lotada aplaudiu o filme ao final da exibição. É uma dura exposição da realidade, de eventos que todos sabemos que ocorrem, e que nos indignam... É um retrato fiel do que ocorre não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o nosso país. Ao mesmo tempo que é feito para nos entreter, o filme nos passa uma mensagem muito clara: enquanto não fizermos nada, nosso país continuará nas mãos de bandidos e políticos como os que nos são brilhantemente apresentados.

O Coronel Nascimento é considerado para alguns um herói, para outros um fascista. Mas a verdade é que ele é um dos poucos que faz algo para tentar mudar a realidade em que vivemos todos. O personagem me lembra em certos aspectos outro que ao longo de oito anos teve a sua moral e a sua forma de conduzir as situações questionada: o inesquecível Jack Bauer. Eu respeito aqueles que não são favoráveis ao personagem, mas tenho que dizer que talvez o nosso país estivesse em uma situação um pouco melhor se existissem mais pessoas como o Coronel Nascimento por aí...

Aqui no blog eu ainda não tinha tido a oportunidade de expressar a minha admiração pelo ator Wagner Moura, coisa que já fiz em outros blogs que tive no passado. Sou fã do ator desde muito antes de ele fazer sucesso nas novelas globais. Admiro o trabalho dele desde o início de sua carreira, quando ele nos brindou com interpretações magníficas em filmes como Abril despedaçado, As três Marias e O caminho das nuvens. Mas, se no primeiro filme ele conseguiu transformar o então Capitão Nascimento em um personagem inesquecível, nesse segundo ele conseguiu se superar, com uma atuação impecável. Para mim, sem querer tirar o mérito dos demais, é o melhor ator brasileiro da atualidade.

Mas não é só ele quem merece destaque pela sua atuação em Tropa de elite 2. Todo o elenco é bastante consistente. Irandhir Santos interpreta o sociólogo Frada, que representa a antítese de tudo o que Nascimento acredita, além de representar também um problema na vida pessoal do Coronel. Brilhante também a interpretação do ator. André Ramiro volta como o policial idealista André Mathias. Mais maduro e melhor do que no primeiro filme, ele é responsável por um dos momentos inesquecíveis (a tortura com o saco). André Mattos vive Fortunato, um apresentador de televisão sensacionalista (qualquer semelhança com Datena é mera coincidência?), que acaba eleito deputado estadual. Sandro Rocha é o Major Rocha, quem controla as milícias nos morros. Milhem Cortaz está de volta como o Capitão Fábio, que ganha mais destaque no segundo filme, Maria Ribeiro é a ex-mulher de Nascimento. Seu Jorge aparece apenas no início do filme, mas rouba a cena na pele do bandido Beirada. E Pedro Van Held interpreta Rafael, o filho de Nascimento, com quem o Coronel tenta manter um relacionamento, apesar de o filho não ser muito favorável às atividades profissionais do pai.

Enfim, o filme, como eu disse, é uma obra-prima, que me deixou muito feliz ao saber que o nosso cinema não deixa em nada a desejar com o de outros países e é capaz de produzir uma obra com tamanha qualidade, mas ao mesmo tempo triste, em saber que grande parte do sucesso do longa se dá pelos fatos que ele mostra que, apesar de serem ficção, em muito se assemelham à realidade de nosso país...

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