sábado, 19 de março de 2011

Pistas de você



Vasculhando ums e-mails antigos, encontrei um que foi enviado de mim para mim mesma, de 2005, com o texto abaixo salvo em um anexo do word (uma coisa que faço muito quando escrevo algo e não tenho um pendrive por perto).

Sinceramente, eu não me lembro de ter escrito esse texto, nem quando escrevi, mas desconfio quem de quem possa ter inspirado as palavras (nessa mesma época, eu morava em Brasília e recebi uma proposta de casamento juntamente com uma mudança para o Rio de Janeiro - que recusei... Mas, enfim, essa é outra história). Fiz uma busca na net, pra ver se não se tratava de um texto de outra pessoa que por algum motivo eu copiei (antes de publicá-lo como se meu fosse), mas não encontrei nada. Fiz algumas mudanças, mas por fim acabei optando por postá-lo na forma original, que retrata o meu eu de 24 anos...

Hoje a tarde caiu em tons vermelhos, como um espetáculo estampado num céu apaixonado. E a noite se atravessou vagarosamente, trazendo a impressão de que a escuridão pedia licença para apagar a luz do dia que aos poucos se findava. E, enquanto a natureza dirigia a mudança de cenário, eu tentava imaginar em que lugar do mundo você assistia ao pôr-do-sol.

Talvez a consciência de que as minhas mãos são incapazes, por agora, de alcançar as suas faça meu coração procurar por conforto nas incertezas do futuro, tornando o meu presente um atalho perigoso para chegar ao ao abrigo dos seus braços, mas nem por isso deixa de ser o caminho mais hábil para acalmar a ansiedade que toda essa busca me traz.

Ás vezes fico a desenhar as suas feições em meu pensamento e gasto meu tempo a procurar a cor exata da sua íris em olhos que não lhe pertencem. E, como um tesouro perdido dentro de mim, guardo na mente lembranças dos momentos em que lhe encontrei nos meus sonhos.

Porém, muito embora eu tente com afinco resgatar cada detalhe da sua imagem projetada no meu inconsciente, nem sempre sou capaz de identificar seu rosto no meio de tanta gente que se põe diante de mim. Então, fico assim meio perdida e acabo confundindo sua boca com os lábios de um outro alguém. Só depois eu percebo que, apesar do aparente desejo, ainda não era você...

E volto a procurar seus passos, deixados como um rastro num caminho que ainda não percorri. Na esperança de que um dia o destino tropece nas pistas que você abandona por onde passa e me leve, finalmente, para a sua direção...

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