sábado, 25 de fevereiro de 2012

Das páginas para as telas #2

Demorou, mas saiu. Eis o segundo Das páginas para as telas do ano (mês de fevereiro - pelo menos um por mês até o final do ano - prometo!) e o escolhido do mês foi Morte e vida de Charlie St. Cloud. Primeiramente, vamos ao livro:

Morte e vida de Charlie St. Cloud
Autor: Ben Sherwood
Editora: Novo Conceito
Ano: 2010
Páginas: 282
ISBN: 9788563219183
Tradução: Ivan Panazzolo Junior



"Era obra do destino ela se interessar por um rapaz bonito bem na semana em que iria sair da cidade. ERa assim que sempre acontecia. Seu timing era sempre o pior possível, ou então os rapazes de que ela gostava eram sempre pouco mais do que uns moscamortas. Tess queria viver por amor, mas as estrelas nunca se moviam para trás para ela, e elas definitivamente não se alinhavam com a possibilidade de um romance. Ela não tinha sorte nos assuntos do coração, nunca tivera, nunca teria, e essa era a maior razão pela qual queria deixar a cidade. Para ela, velejar era algo muito fácil, mas relacionamentos não. De alguma forma, dominar o vento sempre foi mais fácil do que domar homens rebeldes." (pág. 93)

Após provocar um acidente que causou a morte de seu irmão mais novo, Charlie St. Cloud recebe o dom de falar com os mortos. Sentindo-se responsável pela morte de Sam e preso a uma promessa que fez a ele, Charlie dedica a sua vida a cuidar dos mortos durante o dia - ele trabalha no cemitério da cidade - e a se encontrar com Sam ao por do sol. 

Um belo dia, Charlie encontra Tess no cemitério. Ela é uma jovem livre, que está se preparando para uma competição em que terá que navegar ao redor do mundo sozinha, por pelo menos 4 meses. Após uma breve conversa, os dois acabam marcando um encontro, na casa de Charlie (que mora no cemitério). Começa então um belo romance entre os dois... Só que não se trata de um romance normal, mas um cheio de surpresas, que obrigará Charlie a tomar importantes decisões em sua vida...

O livro conseguiu me prender desde as suas páginas iniciais. Uma bela história, que tem seu ápice na amizade entre os dois irmãos - muito mais do que no amor entre Charlie e Tess. O autor, durante toda a leitura, conseguiu me transpor para dentro de Charlie, conseguiu me fazer sentir a dor da perda de Sam, a culpa que se arrastou por anos, a sensação de alegria durante os encontros com o irmão (eu não acredito que ele ficasse verdadeiramente alegre, acho que era apenas uma sensação, uma coisa mais superficial), a descoberta do amor, o questionamento pelas escolhas que fez e a angústia por aquelas que ainda teria que fazer... Enfim, ao longo da leitura, eu me senti Charlie, me senti na pele dele, tudo pela forma como o autor escreve.

Não é um livro para rir, para desvendar um grande mistério ou para revelar um final surpreendente. É uma história para emocionar e nos fazer refletir. É um livro para arrancar suspiros ou até mesmo algumas lágrimas dos mais sentimentais (não chego0u a ser o meu caso). É, acima de tudo, uma bela história, com um final que, mesmo não sendo surpreendente, foi desenvolvido de forma digna e criativa. É um livro sobre o amor. É um livro sobre escolhas. É um livro sobre a vida.

Muito bom!

"Ele estava farto de cortar grama. Estava farto de cavar sepulturas. O êxtase de amar Tess e a felicidade dos últimos dias o haviam feito perceber o quanto ele havia sacrificado e desperdiçado nos últimos anos. Era como se Sam não tivesse sido o último a morrer naquele acidente. Charlie havia abdicado da sua vida também."

A morte e vida de Charlie (Charlie St. Cloud)
Ano: 2010
Gênero: Drama
Direção: Burr Steers
Roteiro: Craig Pearce e Lewis Colick, baseados no livro de Ben Sherwood
Elenco: Zac Efron, Amanda Crew, Kim Basinger, Ray Liotta, Charlie Tahan, Augustus Prew, Donal Logue, Dave Franco.



Mais uma vez, como é de praxe, o livro se mostrou bem superior ao filme. Como eu disse no comentário sobre o livro, eu consegui sentir a dor de Charlie enquanto lias as páginas escritas por Ben Sherwood, o que não ocorreu no filme. em primeiro lugar, pela fraquíssima atuação de Zac Efron e, em segundo lugar, pelo roteiro propriamente dito, que preferiu mostrar outras facetas do personagem que não são tão exploradas no livro.

Talvez a intenção do filme tenha sido a de tratar do tema abordado no livro de uma forma mais leve, acho que principalmente pelo fato do filme ser estrelado por Zac Efron - galã nº 1 das adolescentes espalhadas pelo mundo. Mas, se foi essa, não funcionou, pois deixou a história superficial demais. De fato, o filme é mais leve, mas essa leveza fez com que a história perdesse todo o seu encanto, transformando-a em apenas mais um filme água com açúcar que logo será esquecido.

Tirando as pequenas participações de Ray Liotta e Kim Basinger o elenco todo é fraco. Não há química entre os personagens em tela, especialmente entre o casal protagonista. A fotografia é bela, o cemitério foi mostrado de uma forma leve (na medida do possível), a trilha sonora agrada. 

Poderia ter sido um excelente filme, se tivesse sido dada outra abordagem à obra, principalmente com a escolha de um casal protagonista um pouco mais maduro e experiente em cena. Nada contra Zac Efron e sua tentativa de se desvencilhar do papel de galã de High School Musical. Acho que outros atores já foram pelo mesmo caminho e conseguiram ser reconhecidos pelo seu talento, o que falta a Efron. Mas, deixa pra lá... O que me espantou é que o filme é extremamente fiel ao livro, as mudanças na história não comprometem e, mesmo assim, o livro é ótimo e o filme apenas mediano... Ainda estou tentando entender...

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