quarta-feira, 21 de março de 2012

Desafio literário - março - livro 4

Dexter é delicioso
Autor: Jeff Lindsay
Editora: Planeta do Brasil
Ano: 2011
Páginas: 349
ISBN: 9788576656982
Tradução: Cassius Medauar




"Sempre nos dizem que é importante dizermos a verdade, mas minha experiência mostrava que a verdadeira felicidade reside em dizer o que o outro quer ouvir, o que em geral não é a mesma coisa, e se por acaso você der de cara com a verdade depois, azar." (pág. 336)

IMPORTANTE, LEIA COM ATENÇÃO: Esta resenha foi escrita de uma forma diferente, utilizando diversos trechos da obra. Por essa razão, ela contém vários spoilers. Se você não quiser saber o que acontece no livro, sugiro que não leia. De verdade...

"Sílabas pequenas e muito comuns que ressoam sem um verdadeiro significado, mas que se encadearam e junto com a pequena bola de carne que se remexe em seu pedestal realizaram o mais incível dos passes de mágica. Transformaram o Dextar Morto Há Décadas em algo com um coração que bate e bombeia vida de verdade, algo que quase sente e quase se parece muito com um ser humano." (pág. 12)

Algumas coisas despertaram a minha curiosidade, de cara, ao ver a capa do 5º livro da série do meu serial killer favorito. A primeira delas foi o título, um tanto inusitado, mas que é perfeito para a trama. A segunda foi o fundo amarelo, destoando dos outros livros, onde prevaleciam o branco, o vermelho e o preto. Pensei logo que as páginas do livro deveriam conter algo diferente, inusitado, inovador, que justificasse tantas mudanças. Eu estava certíssima!!!

Deixando claro logo de início que eu amei todos os livros da série (talvez um pouco menos o terceiro), não hesito em dizer que Dexter é delicioso é o meu favorito. É aquele que me prendeu mais, que tirou meu fôlego, que me deixou com vontade de quero mais, que me deixou ansiosa por passar as páginas mas, ao mesmo tempo, com pena por ver a obra cada vez mais se aproximando do fim...

O processo de humanização de Dexter está quase completo. Já no começo da história, ele é capaz de sentir e de amar, principalmente após o nascimento de sua filha, Lilly Anne. Ele está pronto para deixar o seu passado de lado e viver uma vida mundana, com toda as vantagens e desvantagens de ser humano.

"O pensamento não é tanto um choque, e sim uma conclusão. Passei a vida me movendo em direção a algum lugar e agora cheguei lá. Não preciso mais fazer aquelas coisas. Não me arrependo, mas agora não é mais necessário. Agora existe Lilly Anne, e ela supera toda aquela dança sombria. É hora de seguir em frente, de evoluir! Hora de deixar o Velho e Demoníaco Dexter para trás, comendo poeira. Aquela parte de mim já está completa. (pág. 14)

Naturalmente, deixar de lado seu lado sombrio e assustador não será tão fácil quanto Dexter imagina, pois todas as pessoas que sabem quem ele é de verdade estão por perto e esperam certas atitudes dele. Astor e Cody esperam receber treinamento para desenvolverem as habilidades deles; Brian, o irmão de Dexter, está de volta e espera seu irmãozinho e companheiro de matança ao seu lado. E até Deborah, a irmã adotiva de Dexter, finalmente o entende e aceita quem ele é...

"- Porra, Dexter! - Falou. - Tenho tentado muito entender você e o que o papai queria de você e finalmente consegui, eu entendo, tá bom? Sei exatamete o que o papai estava pensando. Porque sou uma policial como ele era e todo policial tem de enfrentar seu Bobby Acosta um dia, alguém que comete um crime e fica livre mesmo que você faça tudo certinho. E você não consegue dormir, range os dentes e quer gritar e estrangular alguém, mas seu trabalho é comer merda e gostar disso, e não tem nada que possa fazer a respeito. - Ela se levantou e se inclinou, colocando a mão em minha escrivaninha e ficando com o rosto a centímetros do meu, - Até agora. Até o papai finalmente resolver esse problema, essa merda toda. - Ela cutucou meu peito. - Com você. E agora preciso que seja o que papai queria que você fosse, Dexter. Preciso que cuide de Bobby Acosta." (pág. 280)

A trama gira em torno principalmente do desaparecimento de duas jovens, e acaba levando Deborah e Dexter a se deparar com um grupo de vampiros. Como assim, vampiros? Em Miami? E isso existe mesmo? Pelo menos, eles acham que são criaturas bebedoras de sangue. E fica ainda pior... porque esse primeiro grupo leva as investigações diretamente para outro grupo: o de comedores de carne humana...

"E tinha ainda mais um toque de estranheza na coisa toda, como se um livro de contos de fada assustadores tivesse ganhado vida: primeiro vampiros e agora canibais. Mas que lugar interessante Miami se tornara de repente. Talvez em seguida eu me encontrasse com um centauro, um dragão ou quem sabe até um homem honesto." (pág. 126)

Nesse livro, Dexter age mais pelas ruas de Miami, ao lado de sua irmã. E, consequentemente, ele se expõe mais e se submete a situações de risco, justamente quando está "destreinado" e tentando apenas ser uma pessoa normal.

"Em todas as vezes anteriores eu fora frio e calmo, mas entre a irritação do Passageiro e o voo feroz do gato, eu parecia estar dentro de um ensopado. O suor era algo certamente compreensível, pois estávamos em Miami. Mas suor de medo? Justamente no Dexter Sombrio e Desafiador, o Rei da Calma? Aquele não era bom sinal, e fiz outra pausa para respirar fundo antes de esticar o braço e colocar a chave de roda entre a janela e o batente." (págs. 218/219)

Dexter se vê diante de um perigo real e de uma inimiga poderosa e destemida no final da trama. Sem esperanças, o Serial killer chega a pensar que, de fato, seu fim se aproxima...

"Ela enfiou a unha na carne no ritmo de suas palavras, cada vez mais fundo, girando-a para aumentar a ferida e, apesar de doer bastante, a visão daquilo era pior que a dor, e eu não conseguia tirar os olhos do vermelho terrível do precioso sangue de Dexter jorrando cada vez mais para fora, enquanto ela enfiava mais forte e mais fundo." (pág. 330)

"Apenas por um momento tudo se congelou de novo; olhei para a máscara sombria e para o cano sombrio da arma apontada obviamente direto para o meu estômago e imaginei: será que eu deixara Alguém puto Lá em Cima? Quer dizer, o que eu fizera para ser condenado àquele banquete infinito de morte? Falando sério: quantos jeitos distintos e igualmente horríveis de morrer um homem relativamente inocente pode encarar numa noite? Não existe justiça neste mundo? Não aquela na qual eu me especializei, mas outra?

No fim, é claro que tudo acaba dando certo e Dexter está pronto para viver uma ida normal. Finalmente seu processo de humanização foi conluído e ele se torna uma pessoa igual a qualquer uma de nós, com defeitos e qualidades, con sentimentos e emoções...

"E então entendi, eu estava sentindo culpa! Eu, o Dexter Morto por Dentro, o Rei da Inensibilidade. Estava me afundando naquele sentimento esmagador de almas, perdedor de tempo e autoindulgente definitivo do ser humano... A culpa! E tudo porque sentia uma felicidade secreta por pensar que o fim de uma jovem era uma coisa boa para meus interesses mesquinhos.
Será que eu finalmente havia ganhado uma alma?
Será que o Pinóquio finalmente era um menino de verdade?" (pág. 338/339)

Será????

Perfeito. No começe achei toda essa coisa de vampiros e canibais meio forçada, meio Arquivo X demais. Mas depois me acostumei e a história fez total sentido e me conquistou completamente. Destaque para o humor e o sarcasmo de Dexter, que estão mais afiados do que nunca...

Nota: 5


1 comentários:

Vivi disse...

Menina, que miscelânia! Realmente a impressão é que a história vai desandar, né? Gostei da escolha!

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